O universo se formou há bilhões de anos num processo que no futuro seria explicado das mais diversas formas possíveis.
Formaram-se várias galáxias, sistemas, planetas, entre outras tantas coisas fantásticas. Nos diversos tipos de galáxias formadas, em cada uma delas, formaram-se bilhões de estrelas e na órbita de cada uma dessas estrelas formaram-se em média de 2 a 10 planetas, sendo mais comuns os gasosos e terrestres.
Em todo esse processo de formação, surgiram diversos elementos, onde a combinação de dois deles se tornou uma substância crucial para existência de algo que mudaria o universo para sempre, a vida.
Para a formação de vida em planetas, além da substância crucial, o H2O (água), eram também necessários outros elementos como o He (hélio), N (nitrogênio), C (carbono), uma fonte de energia, que era o calor emitido pela própria estrela do sistema e o planeta teria que estar numa zona habitável, que é a distância ideal entre o planeta e sua estrela, para manter um clima adequado e a água em estado líquido na superfície.
Vários sistemas formaram-se com planetas ideais para existência de vida. Um dos conhecidos até o momento era a…
Terra
Era uma manhã de Domingo do ano 2023 e uma voz feminina gritava aos ouvidos de Erick.
— Acorda, filho! E vai se arrumar se não vamos perder o voo!
Erick ainda muito sonolento levantou, tomou um banho e desceu do seu quarto para cozinha.
— Bom dia, filho! Vem tomar café!
— Sim, mãe!
— Não demore, pois já estamos ficando atrasados. Vou fazer o último check in na casa para podermos partir!
— Ok, mãe!
Por um momento ele lembrou da discussão que teve com a mãe na noite anterior, por causa dessa viagem inesperada. Ele não queria largar tudo e começar uma nova vida em outro lugar.
— Mãe... — chamou Erick
— Oi, filho!
— Me desculpa por ontem! Não foi minha intenção te magoar!
— Não se preocupe, meu filho! Não me magoou. Eu sei o quanto você está triste por ter quer deixar tudo para trás. Eu que te peço desculpas!
Ambos sorriram um para o outro e logo em seguida sua mãe subiu para o quarto dela. Erick terminou de tomar o café rapidamente e foi para o seu quarto pegar suas malas.
Ele e sua mãe, Sra. Evelyn, moravam em New York há muitos anos.
O Pai de Erick, Sr. Yoshiro Lin, havia falecido há poucos dias e tinha uma rede de restaurantes no Japão.
Yoshiro era separado da Sra. Evelyn desde quando Erick nasceu e raramente se comunicava com eles. Ele o odiava por isso. Mesmo o assumindo como filho não dava nenhuma assistência como pai, somente mandava dinheiro.
A Sra. Evelyn era administradora e trabalhava numa multinacional, mas com o falecimento do ex-marido, largou tudo para tomar conta dos negócios que o mesmo deixou em testamento. Ela entregou a casa para sua irmã Ester, pegou as malas, colocou no táxi e partiu para o aeroporto. Foi uma despedida dolorosa.
Assim eles partiram rumo ao país do sol nascente. Erick ainda estava inconformado, pois estava deixando tudo para trás e indo para um lugar onde não conhecia nada e ninguém. Chegaram ao aeroporto às 12:10 da tarde e partiram 1:15.
Depois de muitas horas de voo eles chegaram ao Japão já quase na manhã do dia seguinte. Lá os aguardava uma das assistentes da empresa do falecido Yoshiro, que os guiou até a residência do mesmo, que agora pertencia a eles. Apesar da viagem cansativa, Evelyn seguiu com a assistente para conhecer a empresa e assumir o quanto antes os negócios. Erick se acomodou em um dos vários quartos da casa e foi descansar.
A casa deixada pelo pai era bem grande. Vários quartos, salas e banheiros. Ele tinha vários empregados, que seriam apresentados aos novos donos da casa no dia seguinte. Depois de um dia de descanso para Erick e de trabalho para sua mãe os dois jantaram sem se falarem muito e foram dormir para encarar um novo dia de muitas novidades.
No dia seguinte, segundo dia no Japão, Evelyn voltou para o trabalho e Erick passou mais um dia entediante em casa.
Já quase na hora do almoço, Erick recebeu em seu Tab P uma mensagem da sua mãe.
Tem um carro te esperando. Vamos almoçar juntos.
— Com licença, senhor Erick. Tem um...
— Sim, já estou sabendo. Estou indo — disse Erick,interrompendo um dos empregados que tentou falar com ele em inglês não fluente.
Erick sem muita paciência pegou seu Tab P e saiu. Ele entrou no carro que já o aguardava e o motorista o levou até o centro de Tokyo. Depois de alguns minutos o motorista o deixou em um restaurante. Na porta sua mãe o aguardava.
— Olá, meu filho! Vamos almoçar em um dos nossos restaurantes para você conhecer e experimentar a culinária local — disse Evelyn, em um tom de empolgação.
— Ok, mãe! — respondeu Erick, com uma voz apática.
Eles entraram, foram muito bem recepcionados e se acomodaram em um dos melhores lugares. Sua mãe pediu que lhes servissem várias coisas, nada que agradasse a Erick aparentemente, exceto a sobremesa, que era a que mais gostava. Sorvete!
Eles voltaram para casa onde já lhes aguardavam os antigos empregados do seu pai.
Seguiu-se com as apresentações formais e Evelyn logo voltou para o trabalho. Erick foi para seu quarto desanimado. Ele deitou na cama e refletiu sobre tudo que deixou para trás, amigos, namorada, uma vida, que apesar de todas as dificuldades, era feliz.
Após muito pensar ele decidiu que queria voltar, mesmo que sua mãe não aceitasse sua decisão. Estava disposto a retomar sua vida antiga a qualquer custo. Sua mãe só estaria de volta tarde da noite e nisso ele ficou em casa aguardando ela chegar.
Para matar o tempo, Erick ficou andando pela casa a fim de conhecer todo resto com mais detalhes. Em um momento, em uma das salas, ele viu um quadro com a foto do seu pai. Ele ficou fitando-o por uns minutos e resmungou:
— Maldi...
— Ele era um bom homem — disse um dos mordomos, atrás dele.
— Hum! Que susto! Quem é você!?
— Me chamo Tatsuo!
— Hum! Legal! Fala minha língua.
— Sim e conhecia seu pai há muitos anos. Seus avós também. Ele falava muito de você.
— Como assim!? Ele me odiava. Nem falava comigo — disse Erick, em um tom de voz alto.
— Ele devia ter seus motivos, mas com certeza o amava muito.
— Como ele me amava!? Nem sequer tem fotos minha aqui nessa casa.
Tatsuo ficou quieto por alguns segundos e se afastou. Erick continuou andando pela casa e viu uma porta diferente. Muito curioso entrou. Parecia ser um dos escritórios do seu pai. Ele ficou vários minutos olhando para tudo com muita atenção e mais uma vez tinha um quadro com a foto do seu falecido pai, sendo que o mesmo parecia olhar para ele independentemente da posição que tivesse olhando para o quadro.
— Bizarro!
Ele tocou no quadro pra sentir a textura e o mesmo caiu no chão. Erick tomou um susto e se abaixou rapidamente para pegá-lo e quando subiu para colocá-lo no lugar viu um cofre eletrônico.
— Hum!? Um cofre! O que será que tem aí dentro!?
Ele, como sempre curioso, tentou digitar umas senhas com a esperança de conseguir abrir. Erick tentou a data de aniversário do pai, da mãe dele, vários números aleatórios e nada, mas por um segundo parou, pensou e digitou sua data de aniversário. Nada aconteceu, mas acendeu um indicativo de impressão digital junto com algo escrito em japonês que ele não entendia. Sem pensar muito, colocou o indicador direito. Para sua surpresa o cofre se abriu e dentro ele avistou duas caixas de metal. Erick achou estranho mas, pegou as caixas , colocou sobre uma mesa e abriu a primeira cuidadosamente.
— Um chaveiro!?
Ele encontrou um chaveiro de cristal em forma de balão vermelho, que parecia estar quente mas não o queimava. Por um bom tempo ele ficou analisando o objeto e logo depois o colocou sobre a mesa. Ele abriu a segunda caixa e havia um outro objeto estranho:
— O que é isso!?
O objeto parecia uma esfera de cristal transparente com mais seis esferas negras menores em todos os eixos “x,y,z”. Ele mais uma vez ficou com o olhar fixado no objeto que parecia ter a imagem de uma galáxia ao centro.
Erick se assustou com o barulho de alguém mexendo na porta do quarto em que ele se encontrava e rapidamente pegou o objeto estranho e o chaveiro ao mesmo tempo pra colocar nas caixas para escondê-los, sendo que no mesmo momento o chaveiro se transformou em um tipo de arma que parecia uma lança com uma ponta de kunai e estava em uma temperatura ardente, mas que em nada lhe incomodava. O outro objeto começou a liberar uma forma de energia estranha que foi fazendo seu corpo ficar cada vez mais pesado, pesado e do nada sua visão foi ofuscada.
Segundos depois ele se viu em um lugar desconhecido e ouviu uma voz feminina desesperada gritando:
— CUIDADOOO!
Erick virou para trás e se deparou com uma criatura horrível com vários chifres. Ele ficou sem reação e a fera o acertou em cheio com um dos seus enormes chifres, que atravessou o seu corpo frágil.
Lillillah viu um garoto surgir do nada e ser atingido pela fera. Ela correu para onde jogou seu Ikihatsunukishi, procurou desesperadamente, com muito custo conseguiu achar, acionou e atacou a criatura. A fera fugiu depois de um forte jato de água. Lillillah foi imediatamente até o garoto para socorrê-lo. O ferimento era muito grave. Ela conseguiu estancar a hemorragia e fez um scanner para saber mais a fundo a gravidade dos ferimentos. O scanner falhou em algumas das análises como se não reconhecesse a formação por completo do corpo do menino desconhecido. Ela ficou assustada e o carregou para sua Unidade de Saúde Móvel (USaM). Lá ela tentou todos os métodos para fazê-lo sobreviver e com muito trabalho conseguiu estabilizá-lo, sendo que sua recuperação demoraria um período, pois ele não era um Nairiniano, que tem todo seu corpo mapeado.
***
O garoto que surgiu do nada acordou assustado e tentou se levantar, mas não conseguiu devido à dor. Lillillah se aproximou.
— Está tudo bem?
— Onde eu estou!? Quem é você!? — perguntou o garoto, muito amedrontado.
— Quem é você? Você não é um de nós.
— O que você está dizendo? Eu sou....
Ele não conseguiu se lembrar da onde era e qual era seu nome.
— Preciso sair daqui. Quero saber o que houve. Quem é você? QUEM SOU EUUU? — gritou o garoto, em pânico.
Lillillah pediu para ele se acalmar e lhe deu um sedativo. O garoto estranho apagou e Lillillah continuou com os estudos para saber de onde ele surgiu, como possuía um Ikihatsunukishi, como falava a língua deles sem ser um Nairiniano e que objeto era aquele em forma de esfera de cristal que surgiu com ele. Ela já estava cheia de mistérios para desvendar sobre o passado Nairiniano e agora surgiam mais mistérios envolvendo esse garoto desconhecido que não se lembrava de nada.
***
Passou-se quase um período e garoto misterioso voltou a acordar. Parecia estar mais calmo e Lillillah foi até ele para tentar conversar.
— Olá, meu nome é Lillillah. Está tudo bem? Pode confiar em mim. Qual seu nome, garoto?
— Eu, eu, eee...eu não me lembro. Onde é que eu estou?
— Você foi salvo por mim. Quase morreu quando foi atacado por um Oryxullan. Agora está tudo bem. Você está quase recuperado. De onde você é?
— Eu não sei. Não consigo me lembrar de nada — disse ele, olhando para o curativo em seu peito.
Lillillah pegou o Ikihatsunukishi no formato de um pequeno cristal vermelho e perguntou:
— Onde que você arrumou isso?
— Não sei! Já disse que não me lembro de nada. Isso é meu?
— Sim. Isso surgiu com você do nada, mas estava em forma de lança. Também estava contigo essa esfera estranha. Sei que vai responder a mesma coisa, mas você não sabe o que são essas coisas e como conseguiu?
— Como já disse, não me lembro de nada.
Lillillah estava preocupada, pois ia ficar difícil mantê-lo escondido. Ela pensou num plano e sabia quem poderia ajudá-la. Então ela o acomodou em sua Unidade de Súde Móvel (USaM) e pediu para ele confiar nela, que o ajudaria a encontrar as respostas. Ele se manteve confiante com dezenas de incógnitas na cabeça sobre tudo que estava acontecendo e não lhe restavam opções a não ser confiar em Lillillah.
Eles decolaram e foram para a TERRA ABETTRATZ e seguiram até a moradia do amigo dela de grande confiança. Ela foi recebida por Adritiff que disse:
— Se você está aqui então está com problemas. Entre!
— Obrigada! Sei que posso confiar em você. Preciso de um favor… Melhor, favores! — falou Lillillah, com um belo sorriso no rosto.
— Se acomode e me conte. O que houve dessa vez?
Lillillah explicou tudo que aconteceu desde que o misterioso garoto apareceu e também explicou sobre os Ikihatsunukishi que eles possuíam. Adritiff ficou surpreso com tudo e excitado, pois adorava se aventurar pelo proibido e arriscado. Ele era um ex-colaborador da TERRA CENTRAL e trabalhava no sistema central de tecnologia e desenvolvimento. Ele havia se cansado das regras do sistema e voltou para sua TERRA de origem. Adritiff tinha ido para TERRA CENTRAL bem novo, achando que seu futuro era lá, pois não tinha se adaptado à cultura e estilo de vida da sua TERRA natal.
Eles pegaram o garoto que não se lembrava de nada e o levaram para o laboratório de Adritiff no subsolo de sua moradia, onde incluiu Erick no sistema de identificação da TERRA CENTRAL e de muitas outras TERRAS para, no caso de serem abordados, não levantarem suspeitas e serem presos. Adritiff era um verdadeiro Hacker de Nairin. Ele havia desenvolvido a maioria dos sistemas atuais e corrigido todos os outros desenvolvidos bem antes dele. Ele era um gênio da tecnologia. Depois de terminar os procedimentos Adritiff pegou um dispositivo e injetou um chip no braço do garoto com amnésia.
— Tudo pronto. Seu nome será Drihee. Agora você é um Nairiniano.
Adritiff terminou os procedimentos para deixar o garoto misterioso o mais indetectável possível. Se um drone de patrulha ou identificação o abordasse, ele seria identificado como Drihee. Lillillah preparou sua USaM para prosseguir com os chamados de socorro. Adritiff acionou dois robôs drones Yu e Ya. Eles seriam os meios de auxílio e comunicação segura entre Adritiff e Lillillah. Yu foi com ela e Drihee.
— Vou pesquisar tudo sobre os Ikihatsunukishi — disse Adritiff, empolgado.
— Vou continuar com os atendimentos. Ainda tenho um mês de plantão. Ele virá comigo — disse Lillillah, olhando para Drihee.
— Atendimentos? — perguntou Drihee.
— Sim! Eu atendo Nairinianos de outra TERRAS que necessitam de auxílio médicos e não tem os recursos necessários — respondeu Lillillah.
— Auxílio médicos? TERRAS?
Lillillah olhou para Adritiff sem paciência.
— Vamos, garoto sem memórias. Explico no caminho.
Eles partiram para atender aos chamados. Uma solicitação de emergência veio da TERRA FIRHIRNETRIDD. Enquanto seguiam para atender o chamado, Lillillah foi explicando pacientemente as coisas para Drihee. Ele fazia muitas perguntas bobas, mas logo foi assimilando as explicações com mais eficiência.
Chegando ao local eles se depararam com uma cidade bem exótica. Os moradores locais olhavam para eles, desconfiados. Lillillah detectou a moradia e logo entraram para realizar o atendimento.
— Agradecemos o comparecimento. Venham. É por aqui — disse o ancião Strilhe.
Eles entraram em um quarto e viram a companheira anciã de Strilhe deitada e tremendo. Lillillah agiu imediatamente dando-lhe um sedativo. Ela fez um scanner e logo constatou diversos tumores do tipo que ainda não possuíam cura e em estágio bem avançado.
— Lamento, mas…
— Sim, eu sei — disse Strilhe.
— Deveria ter acionado a emergência bem antes — disse Lillillah.
— Realmente, mas nosso povo não aprova o uso de recurso da TERRA CENTRAL. Apesar de possuirmos o acordo de colaboração assinado por nosso líder anterior, o atual líder está cancelando, dizendo que a grande maioria do nosso povo não necessita de tal auxílio.
— Compreendo, mas essa atitude será muito prejudicial ao seu povo. Vocês da TERRA FIRHIRNETRIDD, não desenvolvem tecnologias próprias. São um povo com costumes primitivos e se negarem o auxílio podem ser extintos caso contraiam alguma doença grave de forma coletiva.
— Sim, você tem razão, minha jovem, mas a democracia venceu — disse o ancião Strihe, com olhar triste.
— O senhor pode pedir transferência para a TERRA CENTRAL ou qualquer OUTRA TERRA mais avançada, que não tenham essas culturas primitivas.
O ancião Strihe se aproximou da companheira que não se mexia mais e pegou na mão dela.
— Devia ter tomado essa atitude antes, mas ela não queria abandonar o lar de nascença. Agora… Até poderia ir, mas… mas vou encerrar minha vida onde ela encerrou a dela. Ela vai me esperar. Vou deixar acontecer — disse o ancião, chorando.
Lillillah e Drihee não souberam o que fazer. Quando ela ia dizer algo…
— Obrigado! Vocês podem ir. Continuem com os atendimentos abençoados — disse o ancião Strihe sem olhar para eles.
Lillillah e Drihee saíram.
— Estranho! — disse Drihee, enquanto embarcava na USaM.
— Estranho, o que?
— A morte! Parece que vivi esse sentimento recentemente — disse Drihee, com olhar confuso.
Lillillah olhou para ele pensativa e quando ia dizer algo o comunicador de emergência tocou.
— Temos mais uma emergência. É em uma TERRA vizinha. TERRA NOUHAURRU. É um chamado estranho. Eles têm um sistema de saúde avançado.
Lillillah ignorou esse fato e eles seguiram caminho. Em pouco tempo chegaram. Eles sobrevoaram a cidade principal da TERRA NOUHAURRU, que era mais moderna que a TERRA FIRHIRNETRIDD e seguiram para o sul. A USaM aterrissou em um vilarejo que parecia ser habitado por Nairinianos não habituados com tecnologia, mas…
— Parece que as coisas não se encaixam por aqui. Alguma coisa me diz que aqui o passado e futuro estão juntos — disse Drihee, confuso.
— Sim! Eles são um povo que recebe ajuda constante da TERRA CENTRAL, sendo que desenvolvem sua própria tecnologia. Contudo, alguns deles não abandonaram sua cultura primitiva e tentam viver em harmonia com as tradições antigas e a tecnologia que não para de evoluir.
— Acho que entendi! Já vi isso em algum filme — disse Drihee parecendo atordoado.
— Filme? O que é filme? — perguntou Lillillah, sem entender a palavra.
— Não sei. Filme? Acho que filme são coisas que passam no Tab TV — disse Drihee, ainda mais confuso.
— Tab TV? — disse Lillillah com olhar preocupado.
— Também não sei. Essas lembranças estão aparecendo distorcidas — disse Drihee, colocando a mão na cabeça.
Lillillah se aproximou dele.
— Acalme-se! Suas memórias devem estar voltando. Com o tempo tudo deve ficar mais compreensível. Vamos! Temos um chamado para atender!
Drihee a acompanhou. Eles chegaram numa residência e logo foram recebidos.
— Venham, venham! Ajudem-me, por favor. Ela se acidentou. Acho que dá tempo de salvá-la.
Gelfourth levou Lillillah e Drihee até sua companheira, que se encontrava desacordada em uma área acolchoada. Lillillah iniciou imediatamente os procedimentos para saber o que havia acontecido.
— Por que não chamaram a emergência local? — questionou Lillillah.
— Ajude-a! Por favor! — disse Gelfourth, agitado.
Lillillah lançou um olhar desconfiado para Drihee, que logo percebeu algo no pescoço da companheira de Gelfourth. Eles a viraram de lado cuidadosamente.
— Esse ferimento parece de uma pancada. Lamento dizer, mas ela está mor... — disse Lillillah, sendo interrompida por um movimento brusco de Drihee.
Ele pegou involuntariamente, seu Ikihatsunukishi e ativou. O pequeno cristal avermelhado se transformou numa lança. Drihee arrancou o braço de Gelfourth com a ponta do Ikihatsunukishi.
— Kunai! — disse Drihee, olhando para a ponta da lança.
— NÃOOOO! — gritou Gelfourth.
Lillillah, no susto, pegou seu Ikihatsunukishi e ativou. O dela também parecia uma lança, mas com a ponta diferente. Gelfourth se abaixou para pegar a arma que ia usar para atirar na cabeça de Lillillah, mas ela foi mais rápida e arrancou seu outro braço com seu Ikihatsunukishi.
— Vocês receberão a culpa por tudo isso — disse Gelfourth, rindo e desmaiando logo em seguida.
Lillillah desativou o Ikihatsunukishi, se aproximou dele e cauterizou o sangramento.
— Por que está ajudando-o? Ele ia te matar — questionou Drihee.
Lillillah não respondeu. Logo em seguida, os Seguranças da Ordem Local, chegaram e cercaram o lugar. Um Oficial Segurança adentrou o recinto e ficou surpreso com o que havia acontecido. Ele ficou ainda mais surpreso com o que viu na mão do garoto. Drihee desativou seu Ikihatsunukishi e escondeu o cristal.
— Como isso é possível? — questionou para si mesmo, o Segurança Oficial, Mortrazha.
— Parece que somos os culpados, mas não. Viemos atender uma emergência, mas nos atacaram. Só estávamos nos defendendo — disse Lillillah, nervosa.
— Venham! Acompanhem-me! — ordenou Mortrazha.
— Mas…
— AGORAAA! — gritou Mortrazha, interrompendo Lillillah.
Eles o acompanharam e os três saíram.
— Temos um homicídio classe 3. Acionem a perícia. Esses dois vão me acompanhar. Eles chegaram para tentar socorrer as vítimas, mas já era tarde — disse Mortrazha ao outro Segurança Oficial.
Lillillah ficou sem entender a atitude do Oficial e, junto com Drihee, continuou acompanhando o Oficial Segurança Mortrazha até a viatura de patrulha.
— Entrem, precisamos conversar — ordenou Mortrazha.
— Minha USaM está…
— Eu disse entrem! — ordenou novamente Mortrazha interrompendo Lillillah.
Ela fez um olhar de espanto. Drihee aparentemente estava calmo, mas preocupado. Quando Lillillah ia questioná-lo, novamente…
— Como pode ainda existir Ikihatsunukishisen? — perguntou Mortrazha, pensativo.
Lillillah e Drihee trocaram olhares, surpresos.
— Como sabe sobre os Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah, confusa e curiosa.
— Meu tataravô! Ele era um de vocês. Ele era o Ikihatsunukishisen do ar.
Lillillah olhou para Drihee, ainda mais confusa.
— Como é possível? Conte-me tudo sobre ele! — disse Lillillah, encarando Mortrazha.
— Sim, irei dizer mas, antes, responda-me algumas perguntas.
— Certo! — disse Lillillah, curiosa.
— Como poderemos confiar em você? — questionou Drihee.
Lillillah olhou para ele, estranhando a pergunta.
— Se lembrou de algo? — perguntou Lillillah.
— Não, mas…
— Podem confiar, porque se não já estariam detidos por causa da situação em que foram flagrados — respondeu Mortrazha seriamente, interrompendo o garoto.
Drihee olhou para Lillillah e levantou o ombro, mostrando que tanto faz. Ela não compreendeu e o ignorou.
— Faça as perguntas — disse Lillillah, voltando a atenção para Mortrazha.
— Como conseguiram se esconder esse tempo todo? Não se houve falar nos Ikihatsunukishisen desde o dia do ataque por traição.
— Na verdade, tudo está sendo muito recente para mim. Tem pouco tempo que possuo o Ikihatsunukishi e ele… — disse Lillillah se interrompendo e olhando para Drihee.
— E ele…? — questionou Mortrazha.
— E ele também. Por coincidência encontramos esses Ikihatsunukishi e, para nossa surpresa, o ativamos. Estamos em buscas de respostas.
Drihee olhou para Lillillah, tentando adivinhar o que ela estava querendo.
— Como acharam? — questionou Mortrazha, desconfiado.
— Achamos a beira de um rio enquanto paramos para prestar um atendimento. Pela maneira que os encontramos, parece que alguém havia se desfeito deles. Agora estamos em buscas de respostas e do porquê conseguimos ativá-los.
Drihee deu um singelo sorriso. Mortrazha estava desconfiado, mas não questionou a explicação.
— Compreendo, mas vocês correm altos riscos. Os Ikihatsunukishisen são considerados traidores e se os descobrirem, serão detidos.
— Sabemos disso e espero que não nos entregue — disse Lillillah, rindo.
— Como disse se eu quisesse vocês já estariam detidos.
— Sim, ótimo. Mais alguma pergunta? Se não, fale sobre seu tataravô.
Mortrazha encarou Lillillah.
— Ele era o Ikihatsunukishisen do ar que foi aprisionado há muito tempo. Ele estava envolvido ao ataque a TERRA CENTRAL. Foram três Ikihatsunukishisen que atacaram, mas só ele foi pego e nunca mais ouvimos falar dele. A TERRA CENTRAL alegou que ele morreu de forma misteriosa. Minha família é da TERRA BERLIMBRIH. Eu e minha mãe pedimos transferência para essa TERRA, NOUHAURRU, depois da morte do meu pai. Eu ouvia ele comentando coisas sobre os Ikihatsunukishisen e sobre o avô dele, o Ikihatsunukishisen do ar. Eu não compreendia muita coisa na época, mas depois descobri que ele estava em busca da verdade sobre os motivos de meu tataravô ter sido preso e que o ataque foi uma farsa. Meu pai achava que a TERRA CENTRAL estava mentindo sobre a morte misteriosa dele, mas nessa busca por respostas, ele acabou morrendo. Nunca soube como ele morreu, contudo, nunca busquei saber. Nossa família já carregava um alto fardo por termos tido um traidor mundial na família e eu não queria continuar desenterrando essa história que nos desonra até hoje. Contudo…
Mortrazha parou de falar e ficou pensativo olhando para o chão.
— Contudooo? — disse Lilllillah, chamando atenção dele.
— Contudo, depois que os encontrei, algo está me dizendo que meu pai estava em busca de algo importante — disse Mortrazha, parecendo emocionado.
Lillillah deduziu que Mortrazha devia ter sido muito apegado ao pai.
— Sei sobre esse ataque que ocorreu à TERRA CENTRAL, só nunca imaginei que algum dia encontraria o parente de um dos Ikihatsunukishisen envolvido. Teria alguma informação sobre o que seu pai buscava? Que verdade era essa que ele procurava?
— Lembro dele viver dizendo que meu tataravô poderia ainda estar vivo e também, de que a antiga Líder da TERRA CENTRAL não estava envolvida.
— A primeira Líder pós-retorno. Ela foi acusada de colaborar com a traição dos Ikihatsunukishisen e depois disso desapareceu — disse Lillillah, pensativa.
— Isso. Meu pai acreditava na inocência dela. Eu sempre ignorei essa possibilidade, mas mesmo assim, no fundo, algo me diz, que meu pai poderia estar certo — disse Mortrazha, desviando o olhar.
— Compreendo. Obrigado por nos livrar da enrascada que nos envolvemos. Agora, se puder nos liberar…
— O que farão daqui em diante? O que farão para encontrar as respostas?
Lillillah olhou para Drihee e respondeu:
— Não tenho um plano de busca. Por um momento acreditei que você poderia dar alguma pista que nos ajudasse.
— Acho… Acho que sei onde podem encontrar alguma pista — disse Mortrazha, pensativo.
Lillillah e Drihee trocaram olhares curiosos e depois voltaram a prestar atenção em Mortrazha.
— Nas poucas coisas do meu pai, havia a informação de uma outra família carregava o mesmo fardo que o nosso. Um dos parentes deles foi um Ikihatsunukishisen. Não sei se seriam muito bem recebidos se chegassem perguntando sobre o membro traidor da família deles.
— Você tem razão — disse Lillillah, desanimada.
— Não custa tentar — disse Drihee.
Lillillah e Mortrazha olharam para ele ao mesmo tempo.
— Sim, mas não podemos nos expor — disse Lillillah, preocupada.
— Você tem razão, não podem se arriscar. Não desejo a vocês o mesmo destino que teve meu pai, mas…
Lillillah e Drihee esperaram por uns segundos, Mortrazha continuar a falar.
— … mas se precisarem de ajuda, posso acompanhá-los.
Ela ficou surpresa e olhou para Drihee, com olhar de dúvida. Ele levantou os ombros, dizendo que, tanto faz, mas Lillillah não entendeu novamente e questionou:
— Você disse que não queria ficar desenterrando essa história que traz desonra para sua família.
— Você tem razão, mas minha intuição está dizendo ao contrário. Não foi coincidência encontrá-los. Deixe-me ajudá-los nas buscas por respostas. Suas respostas podem ser as mesmas das perguntas que me atormentam há anos — disse Mortrazha, com olhar triste.
— Seria de grande ajuda — disse Drihee antes que Lillillah pudesse dizer algo.
Ela olhou para ele, espantada.
— É… pode ser… mas… mas você tem certeza que quer nos acompanhar? Pode ser arriscado e você não tem acesso a quase todas as TERRAS como nós temos. Acho…
— Os levarei até a família que comentei. A TERRA LAUJOHUM, onde eles moram, eu tenho acesso. Posso não ter acesso a muitas TERRAS, mas a algumas sim. Aguardem aqui! — disse Mortrazha, saindo.
— Para onde vai? — questionou Lillillah, preocupada.
— Aguardem!
Mortrazha foi até o local onde aconteceu o incidente e eles aguardaram impacientemente.
— Você acha que deveríamos aproveitar para ir embora? — perguntou Drihee.
— Você concordou que seria uma boa ideia ele nos acompanhar. Agora não temos escolha, se não ele poderá vir atrás da gente para nos prender.
Drihee permaneceu quieto, aguardando. Lillillah estava nervosa e depois de um tempo se levantou.
— Podemos ir! Estou liberado das minhas funções por dois períodos — disse Mortrazha retornando.
— Tudo bem, vamos — disse Lillallah não muito satisfeita.
Eles embarcaram na USaM e seguiram para TERRA LAUJOHUM. Durante o percurso, Mortrazha, fez um questionamento.
— Vocês não disseram o motivo pela qual foram atacados.
— Também não sabemos. Acho que ele só queria um culpado pelo assassinato que cometeu — disse Lillillah sem olhar para ninguém.
O restante do percurso ocorreu praticamente em silêncio. Em pouco tempo chegaram à residência da família que possuiu um membro que foi um Ikihatsunukishisen.
— E agora? Vamos chegar perguntando sobre o Ikihatsunukishisen? — questionou Lillillah, com sarcasmo.
Mortrazha a ignorou, seguiu até a entrada da residência e aguardou ser atendido. Lillillah e Drihee o acompanharam. Uma bela Nairiniana atendeu.
— Em que posso ajudá-los?
— Somos um grupo de investigação secreto e precisamos de informações sobre o Ikihatsunukishisen, membro da sua família — disse Mortrazha, seriamente.
— Grupo de Investigação secreto? Como? Porque eles estão com trajes de atendimento de saúde? — perguntou a bela jovem apontando para Lillillah e Drihee. — Aqui é proibido comentar sobre os Ikihatsunukishisen. Vocês não são os primeiros que aparecem hoje perguntando sobre esse assunto. Por favor, vão embora! — disse a bela Nairiniana, fechando a porta.
— Como imaginei — disse Lillillah, desapontada.
— E agora? — disse Drihee.
— Vamos continuar com os atendimentos e focar em fazer você recuperar suas memórias — disse Lillillah voltando para USaM.
Quando Mortrazha e Drihee estavam também voltando para a USaM, um jovem Nairiniano apareceu.
— Vocês também querem saber sobre meu tataravô Ikihatsunukishisen. Acompanhem-me. Fiquei de encontrar o outro garoto que apareceu mais cedo aqui perto. Vamos, que chegando lá falo sobre meu tataravô para todos vocês ao mesmo tempo.
Drihee e Mortrazha trocaram olhares, confusos. Drihee correu até Lillillah e falou para ela o que iriam fazer . Eles acompanharam o garoto cautelosamente. Quando chegaram ao local, encontraram um outro jovem Nairiniano que ficou surpreso com a presença de todos eles.
— O que está havendo? Quem são eles? — perguntou o jovem Nairiniano com uma das mãos atrás das costas.
— Eles estão atrás das mesmas respostas que você — disse o garoto Nairiniano que acompanhava Lillillah e os outros.
— Como as mesmas respostas? Quem são vocês? — questionou o jovem Nairiniano.
— Se você está querendo saber sobre os Ikihatsunukishisen, talvez não se espante em saber que eu sou uma — disse Lillillah ativando o Ikihatsunukishi na esperança de ter uma resposta rápida do que o jovem Nairiniano queria saber sobre os Ikihatsunukishisen.
Lillillah estava confiante de que mesmo se mostrando uma Ikihatsunukishisen o jovem Nairiniano não poderia fazer nada contra ela, ainda mais tendo Drihee ao seu lado que também era um Ikihatsunukishisen.
— Interessante, nunca imaginei que encontraria outros tão rapidamente — disse o jovem Nariniano, rindo.
— Está rindo de quê? — questionou Mortrazha.
O jovem Nairiniano tirou a mãos das costas e nelas havia um pequeno cristal que imediatamente se transformou em um tipo de espada. Ele, aparentemente tentando se mostrar, fez alguns movimentos habilidosos com a espada e disse:
— Também sou um Ikihatsunukishisen. O Ikihatsunukishisen da areia.